Estrutura de dados – como assegurar uma contribuição positiva para o negócio?
14 junho 2022Artigo de Beatriz Ribeiro, consultora em Gestão e Engenharia Industrial no INEGI.
Vivemos na era da informação, e o sucesso de qualquer negócio depende, por isso, da organização e qualidade da informação que tem ao seu dispor. Mas atenção! Quantidade não é sinónimo de qualidade.
A nossa experiência em projetos de consultoria em Gestão e Engenharia Industrial permite-nos a afirmar que, uma empresa que detém uma enorme quantidade de dados, não detém necessariamente (provavelmente!) o seu equivalente em termos qualitativos. Mas então, como assegurar uma contribuição positiva para o negócio?
Acima de tudo, há que saber que a qualidade dos dados é, apenas e só, determinada pelos resultados extraídos da sua análise. Só quando esta análise se torna numa base sólida para a tomada de decisões estratégicas podemos dizer que existe qualidade. Qualidade que se traduzirá em ganhos para o negócio - eventuais reduções de custo e tempo, o lançamento bem-sucedido de novos produtos e serviços, entre outros potenciais resultados.
Ferramenta de gestão de dados tem de estar à altura das metas de negócio
Edward Curry1 , especialista em data science na Universidade Nacional da Irlanda, esclarece que existem cinco etapas distintas a ter em conta durante o processamento dos dados:
- Aquisição – colheita, em tempo real, dos dados que serão filtrados, submetidos a limpeza e, por fim, estruturados.
- Análise – tratamento e modelação dos dados, permitindo a sua homogeneização, leitura adequada e extração de resultados.
- Curadoria – manutenção de dados, atestando quer a sua qualidade, quer a sua adequabilidade aos fins a que deverão servir.
- Armazenamento – organização e análise com vista à conservação dos dados.
- Uso – utilização em si, focada na estratégia de negócio e como suporte às decisões que lhe estão adjacentes.
Cada uma destas fases é de igual importância para o sucesso da solução final, pelo que só uma ferramenta informática adequada - isto é, de capacidade proporcional às necessidades do quotidiano da empresa - suportará uma avaliação ponderada da distribuição do trabalho e das necessidades de aprovisionamento, produção, armazenagem, expedição e distribuição.
Assim, primeiramente dever-se-ão medir as necessidades e os objetivos a atingir, e de seguida, dever-se-á proceder ao desenho dos processos implicados na cadeia de abastecimento e, por fim, consultar o mercado de modo a pesar a solução de suporte mais apropriada.
Gestão eficaz dos dados acrescenta valor em várias áreas de negócio
Por outro lado, o autor Doug Laney2 desdobra a big data em cinco caraterísticasprincipais, tendo estas sido denominadas como os Cinco Vs do big data:
- Volume – referente à enorme quantidade de dados gerada a cada segundo e à sua tendência para aumentar.
- Velocidade – alusiva à elevada velocidade com que se geram dados e com que os mesmos dados se tornam desatualizados. Razão pela qual, quanto mais rápido for o seu processamento, maior a probabilidade de se desenharem soluções baseadas em dados úteis.
- Variedade – relativa ao facto de que os dados recolhidos provêm de uma grande diversidade de fontes, o que torna a sua heterogeneidade compreensível, implicando a necessidade de agilizar o seu processamento, bem como de desenvolver um modo de os homogeneizar.
- Veracidade – respeitante à existência de dados atualizados e dados desatualizados no elevado volume de dados recolhidos. Conseguir distinguir uns de outros é a chave para tomar decisões baseadas em factos verídicos e que não condenem o negócio.
- Valor – aponta para que nem todos os dados circulantes agregam valor para a empresa, pelo que, para além de analisar a veracidade dos dados, é também fulcral perceber a sua importância e utilidade no universo do negócio.
Podemos, portanto, concluir que compreender e traduzir os dados são tarefas a completar praticamente em tempo real. É, então, imprescindível disponibilizar a capacidade de processamento e organização necessária através de ferramentas à altura das metas de negócio.
Deste modo, a correta
leitura e organização dos dados acrescentará valor ao negócio em várias frentese várias áreas de negócio – quer estejam relacionadas com a redução de custos,
melhoria de processos ou, mesmo, com a análise de novas oportunidades de
negócio e/ou. Por outro lado, a duplicação de dados, a inconsistência, a
validade, a desadequação e até uma metodologia de análise dos dados desadequada
pode estar na base de uma gestão imprópria e ineficaz que pode condenar
gradualmente o futuro do seu negócio.
Referências
1 Curry, E. (2017). The Big Data Value Chain: Definitions, Concepts, and Theoretical Approaches. New Horizons for a Data- Driven Economy. (pp.29-37). Disponível em: https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-3-319-21569-3_3
2 Patgiri, R.; Ahmed, A. (2016). Big Data:
The V’s of the Game Changer Paradigm. 18th IEEE High Performance Computing
and Communications. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/311642627_Big_Data_The_V%27s_of_the_Game_Changer_Paradigm. Sydney, 2016.
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