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Desenho da Rede Logística: como e porquê otimizar?

26 julho 2022

Artigo de Joana Moreira, consultora em Gestão e Engenharia Industrial no INEGI.


O tempo de entrega de um produto é hoje um fator muito importante para o cliente, pelo que o desenho de uma rede logística é de extrema importância para otimizar custos e para cumprir o nível de serviço esperado.

Por isso, muitos dos nossos clientes desafiam-nos a compreender e ajustar o desenho desta rede às necessidades do negócio. Exemplo disso foi o desafio da empresa portuguesa Delta, que contou com o nosso apoio no estudo da sua rede de distribuição nacional, tendo como objetivo a resposta ao crescimento da procura do negócio café, e ainda das marcas das quais é representante em território nacional, tais como cervejas, chás e águas.

Seja qual for o desafio, a resposta passa por um estudo aprofundado do desenho da rede logística, de modo a dar resposta às seguintes questões: quantos armazéns devem existir na rede logística? Qual a sua dimensão? Qual a localização? Que armazém deve abastecer cada um dos clientes?

Uma vez que cada rede logística tem as suas especificidades, é necessário compreender qual o impacto que cada um dos fatores tem na rede, nomeadamente: localização das fábricas e dos armazéns, localização dos clientes (mapeamento da procura), o nível de serviço que se pretende oferecer, bem como a tipologia dos produtos comercializados.

Adicionalmente, a rede logística deve encontrar-se dimensionada com perspetiva do futuro do negócio, permitindo acomodar alterações de procura e seu respetivo crescimento esperado, bem como a inclusão de novos produtos e mercados que possam, de futuro, surgir.

Empresas devem equilibrar custo e nível de serviço esperado

É, por isso, importante entender quais os principais fatores de decisão inerentes ao desafio de desenhar uma rede logística. Uma vez que se pretende uma otimização dos custos, podem destacar-se os seguintes: instalações (armazéns, centros de distribuição …), inventário e transportes.

Quanto às instalações, é importante determinar o número ótimo de locais em que é mantido stock ou em que é realizado cross-docking1. Nesta determinação é importante analisar os locais de procura e a proximidade necessária aos clientes de modo a cumprir com o lead time esperado. Importa destacar que a redução do número de pontos com stock na rede permite uma diminuição do inventário global, no entanto pode comprometer o lead timede entrega caso não seja obtida a proximidade necessária ao cliente. Simultaneamente, poderá impactar no custo do transporte capilar, dada a maior distância ao cliente.

Nas instalações, um dos aspetos principais é o correto dimensionamento das diversas operações, nomeadamente: área de receção, armazenagem, picking e expedição, de modo a assegurar a capacidade requerida. As estruturas de armazenagem (racks, estantes …) e movimentação (empilhadores, stackers, …) devem ser adequadas e ajustadas à realidade da operação, nomeadamente à tipologia de produtos do negócio e à tipologia das encomendas de cliente.

Relativamente aos transportes, salienta-se a adequação da frota ao transporte pretendido (quer em número, quer em tipologia), bem como o custo das diferentes rotas, desde o transporte primário (do fornecedor para os centros de distribuição do negócio) até à distribuição capilar.

Em resumo, o desenho de uma rede logística, engloba as seguintes fases:

  • recolha de informação para detalhe da situação atual: localizações das instalações atuais, mapeamento da procura e construção de clusters de procura e identificação dos custos operacionais atuais;
  • análise da localização das fábricas / fornecedores e apuramento do respetivo custo de transporte primário desde essas instalações até aos armazéns da rede logística;
  • análise dos inventários por instalação, bem como da respetiva operação e custo associado;
  • avaliação da perspetiva de crescimento futuro esperado, bem como a capacidade de resposta / nível de serviço que se pretende obter em cada ponto da rede;
  • definição de um conjunto de cenários para simular diferentes abordagens, como por exemplo: existência de um único centro de distribuição, cenário greenfield, realocação de inventários, alteração da localização dos armazéns, entre outros;
  • modelação dos cenários para testar o impacto e poupanças associadas tanto financeira como qualitativamente; avaliação dos investimentos a realizar para cada cenário, comparação e decisão do cenário a implementar e definição de um roadmap de implementação do novo desenho de rede logística.

A rede logística «ótima» é um balanço de opções para instalações, transportes e inventário, pelo que decisões sobre estes elementos de custo não deverão ser tomadas de modo isolado, pois pode determinar o sucesso ou o fracasso da operação logística.



1 Percetível pela sua tradução literal de "cruzamento de docas”, o termo crossdocking é utilizado para denominar a operação da mercadoria que é rececionada num armazém ou num centro de distribuição e é diretamente encaminhada para expedição.



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