Da gestão de stock à obsolescência: como o big data nos ajuda a tomar melhores decisões
09 junho 2021Artigo de Joana Moreira, consultora em Gestão e Engenharia Industrial no INEGI.
Questione-se: será que está a aproveitar toda a informação que possui em prol da sua empresa?
A fácil recolha e interpretação de grandes volumes de dados está a transformar o mundo, e o modo como as empresas gerem a sua atividade. No ecossistema competitivo de hoje, a rápida resposta das empresas e organizações às vontades dos clientes e às ações da concorrência é fundamental, e há que garantir que são usadas todas as ferramentas que estão ao nosso dispor para alcançar o sucesso. Incluindo ferramentas de análise de dados, ou big data.
A produção e comercialização de produtos e serviços gera sistematicamente dados, e a sua análise permite identificar padrões, tendências e anomalias. Adotar uma estratégia de recolha e análise de dados tem inúmeras vantagens – permite otimizar processos e analisar pormenorizadamente a cadeira de valor, e facilita as tomadas de decisão e a gestão de operações, nomeadamente a gestão de inventário e a consequente redução de obsolescência.
A oferta de produtos é, hoje em dia, imensamente diversificada. Logo, os clientes estão cada vez menos dispostos a tolerar ruturas de stock, e favorecem a conveniência e a rapidez à lealdade. O facto de não haver determinado artigo para responder à procura é, na melhor das hipóteses, um artigo a menos a ser vendido por essa organização. Mas, na pior das hipóteses, pode prejudicar a marca e contribuir para a perda de futuros clientes.
A análise de dados e consequentes decisões envolve três dimensões, sendo que o esforço, mas também os ganhos, podem ser maiores ou menores. Vejamos:
- Análise descritiva: análise dos resultados passados (relatórios e dados históricos)
- Análise preditiva: utilização de dados para prever situações futuras
- Análise prescritiva: geração de recomendações com base no histórico de dados e utilizando as duas ferramentas de análise anteriores (descritiva e preditiva)
Não é por acaso que a indústria 4.0 se sustenta na confiabilidade dos dados e na sua análise. Em ambientes competitivos, a falta de informações facilmente se torna numa desvantagem fatal.
A recolha e estudo de dados permite conhecer e monitorizar os resultados da operação. Indo mais longe, com recurso a algoritmos capacitados e desenvolvidos para esse fim, a análise permite prever possíveis futuros, e ainda otimizar o negócio ao sugerir um foco e alinhamento dentro da organização.
Numa realidade onde os dados fluem naturalmente, os consumidores estão cada vez mais exigentes e o ritmo de mudanças é imparável. A tomada de decisão baseada em dados é uma chave para o sucesso e, portanto, o conhecimento nesta área será certamente uma competência compartilhada. Prevê-se que, mais cedo ou mais tarde, as soluções analíticas deixarão de ser limitadas a um departamento e serão expandidas para todos os departamentos de uma organização, devido à sua importância.
Big data suporta tomada de decisões na gestão de stock
Um dos departamentos que tem muito a
ganhar com a aposta na análise de dados é o da logística e gestão de stock. Ser
competitivo implica ter uma gestão de inventário eficiente e precisa, suportada
por dados reais e uma boa análise, que reflita os níveis de stock disponíveis
em tempo real.
É comum escolher ter um baixo nível de stock, de modo a investir pouco capital em inventário. Os custos associados ao stock, muitas vezes difíceis de quantificar e comparados a um iceberg, são elevados e carecem de muita atenção. No entanto, por outro lado, a quantidade de stockcruza-se com a redução do risco de rutura, que pode comprometer o nível de atendimento ao cliente e a sua satisfação.
Escolher um método de gestão de inventário é evidentemente uma decisão difícil, mas que pode tornar-se bastante mais simples quando suportada por informação fiável. Ao obter informação acerca das principais tendências do mercado, conhecer melhor os seus clientes e necessidades, é mais fácil gerir o stock, e aumentar a rentabilidade.
Também a obsolescência e deterioração de produtos é um problema inevitável na gestão de inventário e que, erroneamente, muitas organizações abordam de forma reativa. Uma boa gestão de dados relativos ao stock permite gerir a obsolescência de forma proactiva, apoiando a criação de processo de avaliação de risco de obsolescência, e suportando a tomada de decisão dos gestores para assinalar itens que correm maior risco de se tornarem obsoletos.
Em suma, é claro porque o Big Data está a ganhar terreno nos processos de gestão e tomada de decisão. A capacidade de recolher e analisar dados está a crescer, e é imperativo as empresas munirem-se das ferramentas certas para prosperarem.