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Reação ao fogo: como são classificados os materiais de construção?

30 novembro 2020
Artigo de Anabela Martins, responsável técnica do Laboratório de Fumo e Fogo, e Edite Vale, responsável pelos Serviços de Ambiente e Fogo no INEGI.

A prevenção de incêndios em edifícios não começa com sinalização de segurança, botões de alarme e extintores, mas sim com a própria construção dos edifícios. Minimizar as consequências de incêndios e fatalidades associadas depende em grande parte do comportamento em reação ao fogo dos materiais utilizados na sua construção ou reabilitação.

A facilidade e rapidez com que os materiais sucumbem às chamas, e a emissão de gases tóxicos durante um incêndio, são fatores que podem comprometer o sucesso da evacuação dos ocupantes do edifício.

A realização de ensaios de reação ao fogo e respetiva classificação dos materiais é, por isso, um importante requisito a cumprir pelos fabricantes. Conforme é exigido por lei, estes ensaios comprovam o desempenho dos produtos quando sujeitos a uma situação de incêndio.

Classificação de materiais de construção é regulamentada a nível europeu

A classificação da reação ao fogo para produtos de construção, incluindo os produtos incorporados em elementos de construção, encontra-se definida na norma EN 13501-1:2018. Também conhecida como «Euroclasses», esta norma prevê sete classes de reação ao fogo para materiais (A1, A2, B, C, D, E e F) sendo A1 a classe a que pertencem os materiais que menos contribuem para o desenvolvimento do fogo e F a classe daqueles com maior contributo.

Esta escala, ao usar termos técnicos comuns, permite que profissionais, autoridades públicas e consumidores consigam avaliar o desempenho dos produtos de construção, e que possam comparar produtos de diferentes fabricantes, em diferentes países da União Europeia.

Esta classificação é atribuída com base nos dados de uma combinação de ensaios, que simulam diferentes cenários de incêndio a que os materiais poderão estar sujeitos na sua utilização real. Os ensaios consideram a extensão do dano produzido, a propagação da chama, a libertação de calor, a produção de fumo e a queda de partículas, ou gotas inflamadas.

Os ensaios tornam-se mais exigentes à medida que se sobe na escala de classificação. Da classe F - produto em que não é determinado o desempenho face à ação do fogo, ou que não pode ser classificado em nenhuma das classes superiores -  à classe A1 - produtos que não contribuem, ou pelo menos não de forma significativa, para um incêndio, independentemente da sua utilização final.

Ensaios realizam-se no Laboratório de Fumo e Fogo do INEGI

O Laboratório de Fumo e Fogo do INEGI realiza vários destes ensaios em materiais utilizados na construção civil, nomeadamente:

Ensaio de ignitabilidade

Avalia a fase de ignição de um incêndio e a inflamabilidade de um produto exposto a uma pequena chama. É um dos ensaios necessários para a classificação nas classes B, C, D e E.

Ensaio do elemento isolado da combustão

Habitualmente conhecido como ensaio SBI (Single Burning Item), avalia a contribuição potencial de um produto para o desenvolvimento de um fogo, numa situação de incêndio, simulando um elemento isolado em chamas num canto de uma sala próximo do produto em causa. Este ensaio é relevante para as classes A2, B, C e D.

Ensaio de não combustibilidade e Ensaio de determinação do poder calorífico superior (PCS)

Representam a etapa de um incêndio completamente desenvolvido e são relevantes para as classes A1 e A2.

De acordo com o sistema das Euroclasses, há também classificações adicionais para a produção de fumo (s1, s2 e s3 – obtidas a partir do ensaio no SBI) e para a queda de partículas, ou gotas inflamadas (d0, d1 – a partir do ensaio no SBI e d2 – como conclusão dos ensaios de ignitabilidade e do SBI).

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