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Qualidade do ar interior: Tecnologias para remoção de poluentes e purificação do ar

23 fevereiro 2023

Artigo de Teresa Mata, investigadora do INEGI na área do ambiente e sustentabilidade, e Gabriela Ventura, investigadora do INEGI na área da qualidade do ar


A qualidade do ar interior tem recebido uma atenção crescente, em particular devido à recente emergência de várias doenças respiratórias1. A ventilação, natural e/ou mecânica, é talvez a estratégia mais utilizada para diminuir os níveis de concentração de poluentes do ar interior. No entanto, se o ar exterior estiver mais poluído, ou em determinadas situações onde a ventilação não é possível, outras estratégias são necessárias, como o controlo na fonte e a extração de poluentes.

O controlo das fontes é a estratégia mais inteligente pois evita o problema na origem. Isso torna-se possível através da seleção de materiais de construção e de mobiliário "mais limpos” que emitam menos poluentes. Nesse âmbito, o serviço da Qualidade do Ar Interior  do INEGI tem competências para apoiar o desenvolvimento industrial desses materiais e avaliar  o seu impacto em ambientes interiores. Através do  Laboratório da Qualidade do Ar Interior, o INEGI realiza ensaios a amostras de vários materiais para determinar a concentração de compostos orgânicos voláteis (COVs) e muito voláteis (COMVs) e aldeídos de baixo peso molecular (formaldeído, acetaldeído, entre outros). Também recolhe amostras de ar em edifícios de serviços e habitações de modo a caracterizar a qualidade do ar interior nesses locais e apoiar a decisão na implementação de melhorias.

Já a extração, incorpora as tecnologias de purificação do ar, uma das áreas emergentes nesta matéria. As várias tecnologias possíveis incluem as físico-químicas (p.ex. filtração, adsorção, oxidação foto-catalítica ultravioleta, desinfeção e ionização ultravioleta) e/ou as tecnologias de base biológica (tais como os métodos de purificação do ar com plantas e os métodos baseados em microalgas). Também neste âmbito, o Laboratório da Qualidade do Ar Interior do INEGI participou em estudos para testar a eficácia da oxidação foto-catalítica UV2, podendo ser um potencial parceiro no estudo da eficácia de remoção de poluentes por diferentes tipos de tecnologias.

Como purificar o ar interior

Cada tecnologia apresenta vantagens e limitações. Por exemplo, algumas funcionam bem para uma família de poluentes, com características semelhantes, não sendo aplicáveis a todos os tipos de poluentes. A filtração, aplica-se mais à matéria particulada, enquanto a adsorção, a certos compostos químicos. Ou seja, individualmente nenhuma tecnologia consegue remover todos os tipos de poluentes do ar interior. O desenvolvimento de filtros com outras propriedades, como a quimissorção, através do desenvolvimento de nanofibras, poderá ser outro caminho a seguir. No entanto, também a tecnologia de adsorção tem inconvenientes, como o desenvolvimento de bactérias na superfície adsorvente, para além de produzir um resíduo sólido perigoso que deve ser tratado e/ou descartado corretamente. Um outro campo de investigação aponta para a incorporação de adsorventes em materiais de construção para remover poluentes transportados pelo ar sem necessidade de energia adicional e com formação mínima de subprodutos.

A oxidação fotocatalítica UV é uma tecnologia promissora, pois abrange compostos orgânicos e inorgânicos, além de microrganismos, mas são necessários mais estudos antes que possa ser utilizada com segurança em edifícios. A sua principal desvantagem é a oxidação incompleta, que produz subprodutos de reação que podem ser mais tóxicos ou prejudiciais para a saúde do que os constituintes originais (por exemplo, formaldeído). Este problema também pode ser observado na utilização de luz ultravioleta, que poderá levar à libertação de ozono. Por sua vez, o desempenho dos sistemas biológicos (p. ex. usando plantas e/ou microorganismos) para a remoção de poluentes do ar interior depende muito das interações entre os poluentes, a planta e os microrganismos do meio de cultivo. Assim, as principais recomendações no caso dos sistemas biológicos, incluem a seleção adequada das espécies, do meio de crescimento, dos sistemas de irrigação, iluminação e condições abióticas (p. ex., temperatura e humidade). Também é importante considerar a carga polínica e o potencial alergénico das plantas3.

A utilização de tecnologias combinadas para ampliar o espectro dos poluentes abrangidos e, claro, o desenvolvimento de novos materiais utilizando a nanotecnologia, parecem ser dois aspetos a considerar na investigação nesta área4.

Em suma, a qualidade do ar interior tem vindo a ganhar cada vez maior importância. As novas tecnologias podem contribuir para a qualidade do ar interior, apesar das limitações e necessidade de novos desenvolvimentos para garantir a sua eficácia e segurança na utilização em espaços interiores.



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[1]T. M. Mata, F. Felgueiras, A.A. Martins, H. Monteiro, M.P. Ferraz, G.M. Oliveira,  M.F. Gabriel, G.V. Silva, "Indoor Air Quality in Elderly Centers: Pollutants Emission and Health Effects,” Environments, vol. 9, no. 86, pp. 1–26, 2022, doi: 10.3390/ environments9070086.
[2]R. A. R. Monteiro, A.M. Silva, J.R. Ângelo, G.V. Silva, A.M. Mendes, R.A. Boaventura, V.J. Vilar, "Photocatalytic oxidation of gaseous perchloroethylene over TiO2 based paint,” J. Photochem. Photobiol. A Chem., vol. 311, pp. 41–52, 2015, doi: 10.1016/j.jphotochem.2015.06.007.
[3]T. M. Mata, G. M. Oliveira, H. Monteiro, G. V. Silva, N. S. Caetano, and A. A. Martins, 
"Indoor air quality improvement using nature-based solutions: Design proposals to greener cities,” International Journal of Environmental Research and Public Health, vol. 18, no. 16. MDPI, Aug. 02, 2021, doi: 10.3390/ijerph18168472.
[4]T. M. Mata, A.A. Martins, C.S.C. Calheiros, F. Villanueva, N.P.A. Cuevilla, M.F. Gabriel, G.V. Silva, "Indoor Air Quality: A Review of Cleaning Technologies,” Environments, vol. 9, no. 118, pp. 1–29, 2022, doi: 10.3390/ environments9090118.



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