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Qualidade do Ar Interior: A importância dos materiais de construção e revestimento

11 julho 2023

Artigo de Gabriela Ventura, investigadora do INEGI na área da Qualidade do Ar Interior.


A qualidade do ar interior tem vindo a ganhar relevância devido aos muito estudos a nível global que demonstraram os efeitos na saúde e bem-estar das pessoas causados por um ambiente interior poluído. A Organização Mundial de Saúde reconheceu a poluição do ar interior como um dos fatores de risco para a saúde humana, e vários países implementaram legislação que limitam os níveis de concentração de vários poluentes no interior dos espaços.

Mas para atingir uma boa qualidade do ar interior é necessário conhecer as principais fontes que contribuem para o problema, desde uma deficiente qualidade do ar exterior a uma pobre ventilação, passando pelos materiais de construção e revestimento, as atividades desenvolvidas pelos ocupantes e os produtos de consumo. Torna-se assim importante pensar neste assunto de uma forma integrada logo na fase de projeto, prevendo uma ventilação adequada e selecionando materiais de construção e revestimento de baixa emissão poluente. Estes ganham particular relevância, desde logo, porque representam uma maior área emissora, levando a que tenham já sido objeto de regulação em muitos países europeus, embora não em Portugal.

Entre os principais poluentes regulados nas emissões dos materiais, estão o formaldeído e os compostos orgânicos voláteis (COVs). Estes são um grupo muito extenso de diferentes compostos, que podem ter um potencial toxicológico muito variável. Entre eles podemos encontrar o cancerígeno benzeno, mas também substâncias menos tóxicas como o heptano.

Como são avaliadas as emissões de materiais de construção?

O LQAI - Laboratório da Qualidade do Ar Interior do INEGI tem vindo ao longo dos anos a colaborar com várias indústrias nacionais e europeias na caracterização de materiais de construção quanto às emissões poluentes, sendo testemunha de um interesse cada vez maior nesta temática.

No LQAI, os materiais são sujeitos a ensaios em câmara de teste, onde são quantificadas as suas emissões e comparadas com critérios estabelecidos por diversos legisladores e/ou organismos internacionais. Os mais conhecidos em Portugal são o rótulo ecológico europeu, ou o rótulo A+, decorrente de legislação francesa e os sistemas de etiquetagem alemães, como o AgBB e o EMICODE.

A contribuir para o interesse da indústria na realização destes ensaios está a obrigatoriedade de testar os materiais quando exportados para França, ou Alemanha, mas também o surgimento de edifícios certificados ambientalmente. Entre os sistemas de certificação mais conhecidos estão o norte-americano LEED (Leadership in Energy & Environmental Design) e o britânico BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method). Em ambos os sistemas, os edifícios são analisados em várias vertentes, sendo uma delas a qualidade do ar interior. Todos os fatores avaliados dão determinados créditos que, ponderados para refletir a importância de cada categoria, resultam numa classificação do edifício quanto à sua sustentabilidade ambiental. No fator qualidade do ar interior a escolha de materiais de baixa emissão dá créditos ao edifício contribuindo para que obtenha uma classificação mais alta. Deste modo é importante que as empresas tenham os seus materiais testados, pois mais facilmente serão escolhidos para integrar edifícios com pretensões a serem certificados do ponto de vista ambiental.

Concluindo, é muito importante caracterizarmos as diversas fontes para podermos escolher as opções menos poluentes e mais amigas do ambiente e da nossa saúde. Sensibilizar as empresas para este tema é fundamental. 


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