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Pegada de Carbono das empresas: porquê e como medir?

13 abril 2023

Artigo de Roberto Correia, consultor no INEGI na área de Economia Circular


A crise climática é um tema que não deixa ninguém indiferente e as relações entre empresas e clientes, e empresas e investidores, também são afetadas por esta realidade. Razão pela qual é cada vez mais importante que a indústria compreenda e quantifique a sua pegada de carbono, e que seja transparente quanto à sua atuação.

Mas afinal, o que é a pegada de carbono? Este conceito quantifica as emissões diretas e indiretas de gases com efeito de estufa produzidos numa determinada atividade ou processo, sendo expressa em unidades de dióxido de carbono equivalente (kg CO2eq).

A quantificação da Pegada de Carbono deve iniciar-se com a definição do âmbito de avaliação, sendo que os dados sobre as atividades empresariais constituem a base para este cálculo e o mesmo deve ser normalizado através da aplicação do Greenhouse Gas Protocol e das normas International Organization for Standardization (ISO) 14064 e 14065.

Existem dois tipos: a corporativa e a do produto. A primeira avalia as emissões de todas as atividades da respetiva empresa ou organização, como a utilização de energia e transportes, entre outras. Já a pegada do produto pode ser determinada a partir da avaliação do ciclo de vida (ACV), considerando todas as emissões durante a sua vida útil, abrangendo todas as fases da sua existência, desde a extração de recursos, até à sua eliminação ou reutilização.

No contexto do nosso trabalho de consultoria em Economia Circular, ajudamos as empresas a medir indicadores em ambos estes domínios. Porquê?

Praticamente todas ações e decisões tomadas por uma empresa podem contribuir para as emissões de gases com efeito de estufa, por isso, quanto mais específicos e exatos forem estes dados, mais preciso será o cálculo da Pegada de Carbono. 

Porquê medir a Pegada de Carbono?

Porque o cálculo da Pegada de Carbono tem várias vantagens. Vejamos:

Reduzir custos e impactes aliados ao combate ao aquecimento global

Esta medição permite identificar as principais fontes de emissão e desenvolver estratégias para as reduzir, devendo estas passar por aumentar a eficiência dos processos produtivos, otimizar o consumo de energia, reduzir o desperdício, aumentar a recuperação e a reutilização de materiais, entre outros. Ou seja, a redução das emissões de carbono também pode resultar em benefícios financeiros para a empresa.

Combater as alterações climáticas

Todos temos um papel a desempenhar na luta contra as alterações climáticas, mas as empresas têm a maior margem de ação, e um especial contributo para, coletivamente, atingirmos as metas traçadas pela Comissão Europeia. As empresas devem, por isso, conhecer a fundo a sua pegada carbónica para assim conseguir definir planos de ação de melhoria. É importante investir num roadmap que permita a melhoria do desempenho ambiental, tendo como objetivo a descarbonização a curto-médio prazo, passando ainda pela contemplação de planos de ação em várias linhas da sustentabilidade, como a eficiência energética ou a economia circular.

Deste modo, a Pegada de Carbono será uma ferramenta essencial na identificação do cenário de desempenho ambiental atual e na definição de planos de ação de melhoria da organização.

Fortalecer a reputação junto dos stakeholders

Divulgar de forma transparente as emissões de carbono e metas de redução pode ser uma vantagem competitiva para uma organização, pois demonstra o envolvimento e empenho das empresas na preservação do ambiente, preponderante na definição de um posicionamento perante os seus stakeholders, em especial clientes e investidores.

Este posicionamento pode ter igual reflexo na comunicação das empresas, alavancando a notoriedade com base na responsabilidade ambiental. Através da evolução da pegada de carbono, é possível ilustrar perante o público o compromisso para com a sustentabilidade da organização. E parte deste público serão potenciais futuros colaboradores, pelo que este poderá ainda ser um fator de atração e retenção de talento.

Cumprir metas ambientais e regulatórias

Na maioria dos países desenvolvidos, as empresas são obrigadas a seguir legislação relativa à regulação das emissões de gases com efeito de estufa nas diferentes atividades económicas. Em Portugal, existe legislação no âmbito das alterações climáticas, nomeadamente o Regulamento (EU) 2020/852 em 22 de junho de 2020 (Taxonomia), o Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE) ou o Regulamento de Execução (UE) 2018/2066.

Como reduzir as emissões de carbono?

Uma vez que a Pegada de Carbono analisa todas as fontes de emissão de gases com efeito de estufa, constitui um excelente ponto de partida para a definição e implementação de estratégias de redução de carbono.

Qualquer estratégia será única, pois depende das especificidades não apenas do setor ou do negócio, mas também dos respetivos processos e instalações. No entanto, existem algumas medidas aplicáveis a todos os setores, como optar por fornecedores com uma Pegada de Carbono baixa, reduzir o consumo de recursos nos processos produtivos, introduzir medidas de eficiência energética, e até considerar a frequência e a necessidade de viagens de negócios.

Ainda, a par com os processos de digitalização que estão atualmente em fase de implementação na indústria, as empresas compreendem a mais valia de ter a Pegada de Carbono e outros indicadores de sustentabilidade integrados com os seus equipamentos e os seus sistemas, de forma digitalizada e customizada, permitindo a sua monitorização, sendo esta claramente uma tendência de mercado representativa de uma evolução tecnológica significativa que o INEGI acompanha e implementa junto dos seus stakeholders, posicionando-os na linha da frente da inovação.

Será ainda de referir que a Pegada de Carbono é apenas um dos vários indicadores ambientais para o desenvolvimento sustentável. Existem muitos outros associados à transição sustentável igualmente relevantes, como por exemplo, a Pegada Hídrica, Pegada Ecológica, Uso de Recursos Naturais, Impacto na Biodiversidade, Eutrofização, Ecotoxicidade, Deposição de Resíduos, Contaminação do Solo, entre outros. Cada um destes indicadores fornece uma visão única sobre o impacto ambiental de uma empresa ou produto, e é importante que seja avaliado de forma integrada para obter uma compreensão mais completa da sustentabilidade.

 


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