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Fim da vida útil dos equipamentos é grande desafio do setor éolico

17 julho 2019
Um dos maiores desafios do setor da energia eólica atualmente prende-se com o aproximar do fim da vida útil de grande parte dos ativos eólicos na Europa, e, para cumprir as metas definidas no Plano Nacional Energia-Clima (PNEC) 2030, é urgente refletir acerca de como lidar com a situação. 

Os decisores europeus têm uma grande tarefa em mãos: terão de analisar diferentes cenários, tendo em conta a viabilidade económica dos projetos, o enquadramento regulatório em vigor, o perfil do próprio investidor, objetivos a curto e médio-prazo, entre outros fatores.

Também Portugal, um dos países mais ambiciosos da Europa a nível da energia eólica, enfrenta este desafio. 
O Ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, reafirmou durante o Wind Europe Conference & Exhibition, em abril passado, que o setor da energia eólica é uma das prioridades para o país, tendo em vista o objetivo de duplicar a capacidade de produção de energias renováveis em 2030. 

Os dados da Associação de Energias Renováveis (APREN) e do INEGI comprovam esta tendência: a capacidade geradora com de base eólica cresceu 1,2 %, em 2018, e a eletricidade de base eólica gerada correspondeu, em 2018, a cerca de 24% do consumo. 

Razão pela qual a definição de um plano estratégico, a par da definição de um enquadramento regulatório, passível de atrair investimento neste domínio, é vital para que Portugal atinja os seus objetivos.

QUAIS AS ESTRATÉGIAS POSSÍVEIS?

Em cima da mesa estão três principais opções: 

a) estender a operação dos aerogeradores para além dos 20 anos, estimando a sua vida remanescente e analisando a eventual necessidade de substituição de alguns componentes; 

b) substituir os aerogeradores por outros de tecnologia mais recente e com maior capacidade geradora, conhecido como repowering, ou 

c) desmantelar totalmente o parque eólico.

O desmantelamento, por razões óbvias, em nada beneficia Portugal. Já o repowering tem vantagens bem conhecidas. Entre elas está a utilização de tecnologias mais recentes e eficientes, o aproveitamento de infraestruturas, e o diminuto impacto visual consequente do menor número de aerogeradores. A adoção de uma abordagem de economia circular é também aqui pertinente, na medida em que minimiza o impacto da operação em termos ambientais e potencia a reutilização e reciclagem dos materiais.

No entanto, existem ainda muitas incertezas ao nível da estratégia e política nacional que, associadas à inexistência de enquadramento legislativo e regulação, no que diz respeito aos processos de reciclagem dos materiais dos aerogeradores desativados e a questões de segurança, condicionam a tomada de decisão por parte dos investidores.

Já a escolha entre estender a vida dos aerogeradores ou avançar para o repowering é também condicionada, em parte, por questões como o retorno do investimento, os preços do mercado e a regulamentação. 

No que diz respeito à extensão de vida de parques eólicos, apesar de ser ainda um tema que suscita muitas questões no setor, existem já publicadas algumas guidelines que expõem várias abordagens a considerar aquando da avaliação do tempo de vida remanescente dos aerogeradores. No sentido de uniformizar estas recomendações, em 2018 a IEC – International Electrotechnical Commission criou um grupo de trabalho dedicado à uniformização destas metodologias, com o intuito de, num futuro próximo, publicar um guia aceite pelo setor sobre extensão de vida de um aerogerador.

O tempo não para, mas são cada vez mais os esforços visíveis de um setor que se une para superar este desafio. O seminário "EoLIS - End-of-Life Issues and Strategies”, iniciativa da Wind Europe que conta com a participação do INEGI e decorre em setembro, é exemplo disso mesmo! 

O INEGI vai lá estar e continuará a apoiar decisores políticos, indústria, investidores, e empresas, para impulsionar a crescente expansão do setor. Contamos consigo?


Opinião de Filipa Magalhães

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